As chamadas da primeira reprise de ‘Paraíso Tropical’ na TV aberta refletem como a Globo não se preocupa mais com o seu padrão de qualidade e focam apenas na internet, que também as desaprova
Não é novidade alguma que os noveleiros são muito exigentes. Isso, não importa qual seja a época, ainda mais agora em que as redes sociais ganharam status de um grande termômetro de audiência e opinião pública. Ora exageradamente, ora com uma certa razão, os comentários estão aí e merecem uma devida atenção – com moderação, claro.
Na semana passada, foram veiculadas as primeiras chamadas da reprise de ‘Paraíso Tropical’ (2007) no Vale a Pena Ver de Novo e o público, que costuma ficar bastante ansioso para as assistir, seja porque acompanhará a reapresentação da obra ou apenas por curiosidade, se deparou com uma surpresa: chamadas um tanto quanto desconexas com a essência da novela.
A grande surpresa, sem dúvida, se deu no tom mais “engraçadinho” adotado na divulgação de uma novela que, além do carisma, tem uma aura mais séria e densa, marca registrada de Gilberto Braga em parceria com Ricardo Linhares.
Surpresas desgradáveis
Narrada por Susana Vieira, a primeira delas apresentou uma série de coisas forçadas, como a própria narração da mesma que, só participou de alguns capítulos no início da trama – e quase ninguém lembra disso –, deixando um tanto quanto sem sentido se considerarmos que nomes que se destacaram como Alessandra Negrini, Camila Pitanga, Wagner Moura ou até mesmo qualquer locutor conhecido da Globo a pudesse ter narrado.
A sequência de pontos forçados seguiu com um texto pouco apurado em apresentar os principais pontos de destaque na novela, como romance, maldades, barracos e bordões que não passaram despercebidos pelo público. E convenhamos que não foi nada convidativo.
Além disso, Susana Vieira dizendo que a novela é de um grande amigo seu (Gilberto Braga) causou um estranhamento, pois ambos trabalharam poucas vezes. E também, o esquecimento do nome de Ricardo Linhares como autor da novela não foi nada justo, de fato –, erro devidamente corrigido nas outras duas outras chamadas veiculadas até então.
Fórmula batida e criticada no Vale a Pena Ver de Novo
Tudo isso nos faz refletir sobre como a Globo vem tratando as suas chamadas, sobretudo as das novelas em que reexibe na tradicional faixa de reprises vespertinas. E isso não é de hoje.
As chamadas de ‘Paraíso Tropical’ lembram muito as de ‘Celebridade’ (2003) e ‘Belíssima’ (2005), reprisadas em 2017 e 2018, respectivamente, que abusaram dessa linguagem mais descolada das redes sociais e foram duramente criticadas, como até hoje em vários momentos em oportunidades que ressurgem na rede.
É preciso reconhecer que o departamento responsável segue apostando em chamadas fracas, que não apresentam a história, criadas com a impressão apenas de bombar na internet – efeito esse que parece ter acontecido o contrário, pelo menos nesse e nos outros casos citados acima. É possível perceber que o público sente falta e pede um trabalho mais aprimorado nesse sentido – e é saudosista com razão.
Todo o cuidado é pouco, uma vez que a novela foi exibida originalmente há 16 anos, não é um grande clássico entre o público e estreará em pleno fim de ano (época em que as audiências costumam ser menores devido ao calor, festas de final de ano e férias), sendo assim um cenário arriscado e nada auspicioso para uma estreia.
Entretanto, parece que, nesse sentido, a direção da emissora parece não estar atenta ao que o seu público, e sua audiência esperam de coisas mínimas como essa. Potencial, qualidade técnica e de talentos existem de sobra na empresa, mas ultimamente parece tudo tão amador e preguiçoso.
Dadas as circunstâncias citadas acima no texto, era preciso uma divulgação mais massiva, apostando em estratégias que fizessem com que ‘Paraíso Tropical’ voltasse à boca do povo, assim como seus personagens mais lembrados, tramas, etc. Fica aqui a torcida para que isso melhore no decorrer de sua exibição, pois, será uma atitude indispensável para estancar o “problema” que vem pela frente.