Semana especial de ‘Vale Tudo’ chama atenção, mas a novela não sustenta boa qualidade por muito tempo
- Geovanne Solamini
- 21 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: há 5 dias
O remake atinge o clímax da história original com cenas icônicas na tentativa de recuperar o público perdido, mas não atende as expectativas e tudo volta a ser como antes

Em meio a uma enxurrada de críticas negativas desde que a novela estreou, a Globo promoveu uma “semana especial” para alavancar ‘Vale Tudo’, no momento em que a história chega ao seu clímax e entrega algumas das cenas mais icônicas da teledramaturgia brasileira, correspondentes à versão original exibida em 1988.
De fato, a chamada que destacava os acontecimentos foi impactante. Nisso, a emissora sabe entregar, mas nem sempre o que é prometido é entregue. Desta vez, aconteceu em partes, mas, no geral, o resultado foi positivo, ainda que inferior à qualidade da obra criada por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères.
Obviamente foi uma boa sacada para fisgar o público, e quem sabe, reconquistá-lo. Todos nós queríamos saber como seria, nesta versão problemática, a fase em que Maria de Fátima (Bella Campos) se casa com Afonso Roitman (Humberto Carrão) e Raquel (Taís Araújo) ascende socialmente por conta própria. E assim vimos…

O capítulo de segunda-feira (7) entregou, talvez, a cena mais esperada da novela até então: o momento em que Raquel gasta o vestido de Maria de Fátima. Ainda que a releitura tenha mantido muito a versão original imortalizada por Regina Duarte e Glória Pires, não foi perfeita. Houve, sim, erros, sobretudo da direção de Paulo Silvestrini que não investiu em um grande impacto para ela.
O mérito mesmo foi, mais uma vez, de Taís Araújo, que sustentou a sequência toda. A atriz transpareceu muito bem os sentimentos de raiva e mágoa de sua Raquel, a qual adotou um método único de interpretação e merece todos os elogios; Bella Campos, por sua vez, não correspondeu ao que lhe foi proposto, mas poderia ter sido melhor.
A direção, agora sim, merece um reconhecimento. O flashback da trajetória de Maria de Fátima prestes a se casar foi uma coisa muito bem pensada e, certamente, foi um aperitivo do que o remake apresentou até essa fase e não acompanhou isso – como o autor deste texto. Mas foi só isso mesmo.

Ainda vale mencionar outro bom momento dessa tal semana especial: o embate entre Solange Duprat e Maria de Fátima. Alice Wegmann arrasou na sequência, não só na caracterização, como também na interpretação da personagem em um dos seus melhores momentos, da nova personalidade dada por Manuela Dias. Reitero que, novamente, faltou mais capricho da direção a uma catarse importante na história.

A impressão que dá, assistindo apenas o primeiro mês e, a partir de agora, é que os responsáveis pelo remake economizam e muito no seu desenvolvimento. Isso, infelizmente, transparece aos olhos do público que, sem muito esforço, consegue identificar as deficiências, problemas e equívocos de roteiro e direção.
Um exemplo disso? A nova fase de Raquel. A protagonista reapareceu totalmente repaginada, mas… do nada? Ficamos curiosos para ver a sua transformação de uma mulher simples para uma empresária renomada. Sim, isso é cafona, mas é algo que os noveleiros torcem e esperam assistir.
Manuela Dias e Paulo Silvestrini, com o aval do departamento de dramaturgia da Globo, empobrecem e desrespeitam ‘Vale Tudo’. Tudo bem que a novela é um fenômeno de faturamento, angaria bons números às mídias sociais da emissora e, bem ou mal, está na boca do povo…, mas uma novela vendida como “a novela dos 60 anos da TV Globo”, merecia mais, muito mais. Vamos ver até onde isso vai…