Nunca reprisado e fora do streaming, o folhetim controverso e polêmico de Manoel Carlos ganhará o contato com o público 15 anos após sua estreia
A verdade é que ‘Viver a Vida’ (2009) está longe de ser uma unanimidade entre o público. Mas, agora, passados 15 anos de sua estreia, será possível revê-la com outros olhos ou até mesmo assisti-la pela primeira vez, e assim formar a própria opinião sobre uma obra cercada de uma má reputação por uma série de fatores.
Depois de muito ser especulada, a penúltima novela escrita por Manoel Carlos na Globo estreou no Canal VIVA na última segunda-feira (22), substituindo ‘América’ (2005) na faixa das 22h50, seguindo a tradição do canal em exibir novelas das 20h da década de 2000 – algo que, aparentemente, vem agradando os telespectadores que o acompanham.
E, se analisarmos, essa reprise é uma ótima oportunidade para conhecer a história de Helena vivida por Taís Araújo, que ficou guardada apenas no público que acompanhou na época e na curiosidade de quem nunca assistiu, que sempre a conheceu pelas suas polêmicas envolvendo racismo, os traumas da atriz protagonista e até outras fofocas de bastidores, sempre comentadas na mídia desde então. É um ótimo exercício antropológico de analisar uma novela, se assim podemos dizer.
Por esses mesmos motivos, eram constantes os pedidos do público para uma reprise, antes na faixa do horário do almoço criada pelo canal pago a princípio para homenagear Maneco, que exibiu ‘A Sucessora’ (1978) e ‘História de Amor’ (1995). No entanto, o então diretor de Produtos e Serviços Digitais da Globo, Erick Bretas, revelou em uma rede social que ela só seria disponibilizada em 2027. Só que isso durou pouco.
Em julho de 2022, foi noticiado que ‘Viver a Vida’ havia sido registrada como obra audiovisual na Ancine (Agência Nacional do Cinema), além de já estar liberada pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Intelectual) para ser reexibida desde 2015. Isso, até que foi confirmada para o VIVA em maio.
Veremos como será a recepção do público agora, que em muitos casos, acompanhará e/ou conhecerá a novela em outro momento da vida, da realidade e até mesmo da tecnologia. Isso porque a novela foi gravada e arquivada em HDTV e, na época, os aparelhos de televisão ainda, em sua maioria, não eram analógicos, sem falar da possibilidade de rever uma novela com estética de novela: bem iluminada, colorida e com uma fotografia natural que deixa saudades.
Não dá para negar que é uma reprise oportuna e que chama a atenção, pelo menos para quem a tem como uma trama inédita, como eu e toda uma geração noveleira mais nova que não conheceu a fase menos auspiciosa do seu autor que, até ela, colecionava clássicos.