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  • Foto do escritorGeovanne Solamini

Falta de novos clássicos prejudica as próximas reprises da Globo; e a culpa é dela mesma

Nos últimos anos, entre erros e acertos, a emissora vem colhendo os frutos de suas decisões que nem sempre são unanimidades entre a audiência, mas agora com um agravamento maior: a falta de títulos “seguros”

Foto: João Miguel Júnior/Globo

Em tempos que o streaming domina o consumo dos telespectadores, sobretudo os noveleiros, com os resgates de clássicos e lançamentos originais do Globoplay, além das propostas de novelas que serão lançadas futuramente pelas plataformas Netflix e HBO Max, uma sessão de reprises na TV aberta ainda tem sua relevância? A resposta é sim.


Esse é o ponto de partida para uma ampla discussão que vem ganhando cada vez mais força em volta dos rumos do Vale a Pena Ver de Novo nos próximos anos. Isso porque, a sessão que esse ano completou 43 anos, está cada vez mais limitada por via de regra ser dedicada às novelas das oito/nove – faixa essa que nas últimas décadas não cultivou grandes clássicos.


Isso faz com que a Globo aposte em clássicos já “batidos”, digamos assim, apostando até mesmo em uma terceira reapresentação de uma novela – fato inédito – até a estreia de ‘O Rei do Gado’ (1996), em 2022, surfando na onda do sucesso do remake de ‘Pantanal’, mas até quando títulos serão saturados por falta de novos clássicos?


Incertezas na faixa

Foto: Matheus Melo/Globo

Atualmente, o Vale a Pena Ver de Novo vive uma verdadeira incerteza. Afinal, faltando exatos dois meses para o término da segunda reapresentação de ‘Mulheres Apaixonadas’ (2003), prevista para acontecer em 8 de dezembro, não se sabe ao certo o que virá por aí justamente por não haver uma escolha óbvia como aconteceu na escolha do clássico de Manoel Carlos.


Dito isso, o burburinho sobre o próximo título a ser reprisado tomou conta das redes sociais, onde as novelas ‘Amor à Vida’ (2013) e ‘A Dona do Pedaço’ (2019), dois grandes sucessos de Walcyr Carrasco, foram as mais cotadas entre o público – que fique claro – para assumirem a faixa, mas não parece que é isso que vai acontecer não...


Isso porque, na última semana, o portal Notícias da TV afirmou que a escolha foi ‘Salve Jorge’ (2012), de Gloria Perez, a grande escolhida para ganhar um repeteco. De acordo com a publicação, foi considerado o sucesso da novela no streaming e os vários pedidos do público. No entanto, isso tudo caiu por terra – ainda bem!


Em seguida, a notícia foi desmentida com a informação dada por Anna Luiza Santiago, do jornal O Globo, de que quem volta mesmo é ‘Paraíso Tropical’ (2007), que ganhará sua primeira reprise em 16 anos, dois anos após sua reapresentação no Canal VIVA.


A Globo, no entanto, ainda não se pronunciou sobre o assunto, o que deixa a todos temerosos, mas se caso vir, é algo positivo, ainda que um grande risco que falarei mais para frente no texto.


Pandemia potencializou o dilema

Foto: Reprodução/Globo

Antes de se aprofundar no assunto, é preciso reconhecer uma coisa: a pandemia de Covid-19 interferiu nas opções de reprise do Vale a Pena Ver de Novo por conta das edições especiais que entraram no lugar das novelas em exibição, à época, devido às paralisações nos Estúdios Globo como medidas sanitárias.


O ‘Vale a Pena’ perdeu a oportunidade de reexibir tramas bem-sucedidas dos anos 2010, como ‘A Vida da Gente’ (2011), ‘Fina Estampa’ (2011), ‘Totalmente Demais’ (2015), ‘Haja Coração’ (2016) e ‘A Força do Querer’ (2017) – que performaram bem em suas edições especiais.


Tais tramas citadas acima, se enquadram em um critério justo de reapresentações, mas às tardes, não devem voltar tão cedo. No entanto, não será nenhuma surpresa caso eventualmente elas voltem ainda mesmo nos próximos anos desta década. Afinal, são esses alguns dos melhores títulos que tivemos na década de 2010.


Erros podem se repetir

Foto: Arquivo/Globo

Atualmente não é errado afirmar que a uma reprise pode ser um grande risco para a emissora por vários fatores, principalmente pela sua audiência, que vem oscilando bastante nos últimos sete anos. Isso porque, em 2016, a vinculação horária à classificação indicativa caiu e a Globo apostou em reprises de clássicos mais “pesados” com ‘Celebridade’ (2003) e ‘Belíssima’ (2005), que mesmo sendo dois grandes sucessos, fracassaram em suas audiências, infelizmente.


As obras de Gilberto Braga e Silvio de Abreu sofreram as consequências de uma reprise tardia, fora do timing, sem que estivessem tão presentes na memória do público. No entanto, clássicos de Manoel Carlos como ‘Por Amor’ (1997) e ‘Laços de Família’ (2000), se deram bem em suas segundas passagens pelas tardes que aconteceram em 2019 e 2020, além de ‘O Clone’ (2001), na mesma proporção.


O máximo de surpresa nesse sentido aconteceu quando a Globo anunciou a reprise do remake de ‘TiTiTi’ (2010), mais uma vez atendendo a pedidos das redes sociais e também já depois de muito tempo, que resultou em índices aquém do esperado, mesmo sendo uma reprise deliciosa.


Também tivemos ‘A Favorita’ (2008), no ano passado, na qual também foi citada aqui no blog como uma aposta arriscada, baseada na sua temática densa e, claro, pelos seus 13 anos de exibição original sem nenhuma reprise nesse meio tempo. Felizmente, ela foi bem e se manteve dentro das metas estipuladas pela emissora.


Pouco mais de um ano depois, o mesmo cenário volta a assombrar o Vale a Pena Ver de Novo. Seja ‘Salve Jorge’ ou ‘Paraíso Tropical’, ambas poderão sofrer o mesmo. A segunda, no entanto, por ser mais velha e ter um estilo bem diferente do que se costuma ver às tardes, poderá ser ainda mais prejudicada e sua audiência despencar, infelizmente.


O fato é que, a Globo precisa urgentemente cuidar para que as próximas novelas não caiam no esquecimento e sejam reprisadas em um intervalo de tempo razoável, se considerar que no passado, as tramas eram reprisadas com pouco tempo de exibição original para que esses problemas em suas escolhas, se não sanados, sejam diminuídos. Aguardemos!


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