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Foto do escritorGeovanne Solamini

Do Brasil para o mundo: novelas brasileiras que venceram o Emmy


Imagem: Globo/Rodrigo Barbosa

Conhecido como o Oscar da televisão, o Emmy, e mais especificamente neste caso o Emmy Internacional, já deu destaque a muitas produções brasileiras, algumas passando na frente da concorrência de grandes títulos estrangeiros, fruto de sua boa repercussão nacional e seu ótimo desempenho no mercado de exportações.


No total, a TV Globo já recebeu 12 indicações na categoria Melhor Telenovela, tendo vencido por metade dessas indicações. Você já assistiu a alguma delas?


Caminho das Índias (2009) – venceu em 2009


Márcio Garcia, Juliana Paes e Rodrigo Lombardi | Foto: Reprodução/Globo

Mais uma vez, Glória Perez explorava as diferenças entre um país oriental com o Rio de Janeiro, oito anos após o fenômeno O Clone, de 2001. O sistema de castas da Índia era usado como pano de fundo para o amor proibido entre Maya (Juliana Paes) e Bahuan (Márcio Garcia). O noivo que a família de Maya arranjou para ela, Raj (Rodrigo Lombardi), caiu nas graças do público, fazendo com que Glória mudasse os rumos da história.


Uma das novelas mais exportadas pela Globo marcou a época pelos figurinos, as inúmeras cenas festivas, os personagens cômicos (em especial a Norminha, de Dira Paes), além da abordagem sensível de temas relacionados à saúde mental, através do esquizofrênico Tarso (Bruno Gagliasso) e do psiquiatra Dr. Castanho (Stênio Garcia).


Inesquecível, também, a surra de Melissa (Christiane Torloni) na vilã psicopata Yvone (Letícia Sabatella). Sua vitória no Emmy motivou a reprise da novela no Vale a Pena Ver de Novo, entre 2015 e 2016.


O Astro (2011) – venceu em 2012

Rodrigo Lombardi em O Astro | Imagem: Reprodução/Globo

Em 2011, a Globo resgatava seu quarto horário de novelas com um remake da clássica trama escrita pela “usineira de sonhos”, Janete Clair, exibida originalmente em 1977, estrelada por Francisco Cuoco.


Com o objetivo de produzirem uma novela curta, ousada e de acabamento cuidadoso, Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro adaptaram a história da ascensão social de Herculano Quintanilha (agora vivido por Rodrigo Lombardi), um ilusionista que se torna um poderoso homem de negócios ao chegar na diretoria das empresas de Salomão Hayalla (Daniel Filho), cujo misterioso assassinato movimentava a história.


Bem recebida pela crítica e pelo público, O Astro trazia Cuoco, protagonista da versão original, como o mentor de Herculano nesta versão. O grande destaque ficou por conta dos vilões deliciosamente caricatos vividos por Humberto Martins e Regina Duarte – esta última vivia Clô, viúva de Salomão, e sua assassina. Consagrou-se, também, o diretor Mauro Mendonça Filho, com sua direção dinâmica e criativa.


Lado a Lado (2012) – venceu em 2013

Thiago Fragoso, Marjorie Estiano, Camila Pitanga e Lázaro Ramos | Foto: Reprodução/Globo

Ambientada no Rio de Janeiro do início do século XX, a trama dos estreantes João Ximenes Braga e Cláudia Lage retratava o comportamento político-econômico nos primeiros anos da República, o nascimento das favelas, o surgimento do samba, a chegada do futebol ao Brasil, além de discutir sem meias palavras sobre temas muito pertinentes na atualidade, como o feminismo e o racismo – pode-se atribuir a isso a recepção pouco satisfatória do público, não acostumados a terem seus preconceitos confrontados no horário das 18h.


A trama era protagonizada por dois casais: um negro, Isabel e Zé Maria (Camila Pitanga e Lázaro Ramos), e um branco, Laura e Edgar (Marjorie Estiano e Thiago Fragoso), cada qual enfrentando, juntos, uma sociedade em plena transformação. Destaca-se, ainda, Patrícia Pillar como a altiva Baronesa Constância.


Lado a Lado é lembrada por ter passado na frente do fenômeno Avenida Brasil na vitória do Emmy, e por ser a primeira novela a ter um samba-enredo como tema de abertura: Liberdade! Liberdade! Abra as Asas sobre nós, tema da Imperatriz Leopoldinense em 1989.

Joia Rara (2013) – venceu em 2014


Bruno Gagliasso, Mel Maia e Bianca Bin | Imagem: Reprodução/Globo

Budismo, reencarnação e a clássica história de amor entre um homem e uma mulher de classes sociais diferentes foram os temas centrais desta novela, escrita pela dupla Thelma Guedes e Duca Rachid. Protagonizada pela pequena Mel Maia, em seu primeiro trabalho após uma estreia impressionante em Avenida Brasil, a novela contava a história de Pérola, menina alegre e sensível, reencarnação de um monge budista que salvou a vida de seu pai, Franz (Bruno Gagliasso), no passado.


A missão de Pérola na Terra é apaziguar as diferenças, principalmente entre a família de seu pai, liderada por seu avô Ernest Hauser (José de Abreu), homem rico e autoritário, e a família de sua mãe, Amélia (Bianca Bin), formada por gente humilde e batalhadora.


Dirigida com magnífico apuro visual por Amora Mautner, reunindo boa parte da equipe da já anteriormente citada Avenida Brasil, esta foi uma novela muito delicada, de muito refinamento estético, mas pouco apelo diante da audiência, se tornando repetitiva da metade para o fim. Isso não impediu que fosse premiada como a melhor novela de 2013.


Império (2014) – venceu em 2014

Família de José Alfredo em Império (2014) | Imagem: Reprodução/Globo

A “novela do comendador”, como era chamada, não exibia nenhuma novidade por parte do autor, Aguinaldo Silva. Pelo contrário: foi sua segunda novela inspirada por Rei Lear, de Shakespeare – a primeira foi a malfadada Suave Veneno, de 1999. Contava a história de José Alfredo, um homem ambicioso e cheio de mistérios que começa sua jornada como garimpeiro de pedras preciosas no Monte Roraima e se torna um grande empresário do ramo de joias.


O protagonista foi vivido, na primeira fase, por Chay Suede, impressionando em seu primeiro trabalho na Globo, e na segunda e definitiva fase por Alexandre Nero, que se consolidava como um dos grandes atores de sua geração, construindo de forma carismática um personagem complicado, cheio de ambiguidades.


Império foi um sucesso de audiência, apesar de alguns percalços nos bastidores, incluindo a substituição repentina de Drica Moraes por Marjorie Estiano no meio da novela, fazendo com que Aguinaldo colocasse traços de suas antigas novelas do gênero “realismo fantástico” numa novela realista.


Verdades Secretas (2015) – venceu em 2016


Drica Moraes, Rodrigo Lombardi e Camila Queiroz em Verdades Secretas | Imagem: Reprodução/Globo

Um projeto ousado que recuperou o prestígio do horário nobre da Globo, num ano em que ela enfrentava uma de suas maiores crises de audiência. Escrita por Walcyr Carrasco e Maria Elisa Berredo, a novela causou grande repercussão nas redes sociais por suas envolventes reviravoltas e suas cenas de sexo e nudez.


Como pano de fundo, o lado obscuro do supostamente luxuoso mundo da moda. Protagonizada pela estreante Camila Queiroz, uma grata surpresa, a novela contava a história de Arlete, adolescente do interior que, ao vir para São Paulo, se transforma na modelo Angel e se envolve no esquema chamado “book rosa”, de prostituição clandestina de modelos, tema até então inédito na TV.


Angel se envolve num trágico triângulo amoroso envolvendo própria sua mãe, a simplória Carolina (Drica Moraes), e o rico empresário Alex (Rodrigo Lombardi, estrelando sua terceira novela vencedora de um Emmy), que se torna obcecado por Angel e se casa com Carolina apenas para tê-la por perto.


Mesmo com grandes atuações de todo o elenco (incluindo Marieta Severo, Eva Wilma e Rainer Cadete), o grande nome de Verdades Secretas foi Grazi Massafera. Com sua Larissa, modelo decadente que se perde no mundo das drogas, ela mostrou uma entrega e intensidade nunca vistas antes, garantindo uma indicação ao Emmy Internacional de Melhor Atriz.


Destaca-se também a direção cinematográfica, impecável, de Mauro Mendonça Filho. O sucesso de Verdades Secretas foi tão grande que Walcyr prepara uma segunda temporada, prevista para 2021.


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