Novela de João Emanuel Carneiro reúne grande elenco feminino, mas que muitas vezes foi mal aproveitado
Uma reprise de novela é sempre uma oportunidade de matar as saudades de uma história, mas também uma nova chance de rever com novos olhos. No caso de ‘A Favorita’ (2008-2009), além de alguns pontos que ficaram datados por refletirem comportamentos que eram comuns na época que a novela foi exibida ou simplesmente por serem um desserviço à sociedade, é possível observar pontos de atenção quando se olha para a produção da novela.
A história de Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Cláudia Raia) tem um grande elenco, isso não podemos negar, mas é preciso falar das estrelas que foram muito mal aproveitadas na trama. Ok, por um lado é importante que elas estivessem empregadas – algumas sumiram das telinhas – e que por mais mínima que seja, era prazeroso vê-las em cena, mas com certeza não houve um bom alinhamento entre o autor e a direção, essa que ficou sob a responsabilidade de Ricardo Waddington, atual diretor de entretenimento da TV Globo.
Neste texto, vamos relembrar 5 atrizes que foram muito mal aproveitadas na história:
Ângela Vieira
Começamos com o caso de Ângela Vieira que pode ser considerado o mais notório entre os exemplos citados neste texto. A veterana que já havia trabalhado com o autor em sua novela anterior ‘Cobras & Lagartos’ (2006) e com o diretor em ‘Por Amor’ (1997), dessa vez foi escalada para uma personagem muito aquém do seu talento: uma simples secretária de Gonçalo (Mauro Mendonça), quer por boa parte da novela sua única função era anunciar as visitas do seu patrão.
Na época que a novela foi exibida, a insatisfação da atriz chegou a ser noticiada pela Folha de S. Paulo, em 29 de setembro de 2008, dizendo em nota que a atriz havia pedido para deixar a novela alegando estar descontente com seu personagem.
Diante disso, João Emanuel Carneiro até investiu no núcleo da personagem com mais cenas da mesma com o seu filho Damião (Malvino Salvador) e o seu amor do passado Romildo Rosa (Milton Gonçalves), mas que não deu muito certo e até o desfecho da trama, voltou a ser esquecida. Logo após o fim da novela, Ângela Vieira deixou claro que não havia gostado deste trabalho. Que situação!
Helena Ranaldi
Após colecionar papéis de destaque nas novelas de Manoel Carlos exibidas lá no início dos anos 2000, como em ‘Laços de Família’ (2000) e em ‘Mulheres Apaixonadas’ (2003), Helena Ranaldi foi escalada para um personagem esquecível em um núcleo secundário da novela.
A atriz deu vida à Dedina, a professora e mulher do prefeito de Triunfo, Elias (Leonardo Medeiros). Em certo ponto da novela, a primeira dama acaba se envolvendo com Damião (Malvino Salvador), melhor amigo do seu marido, assim fazendo de seu núcleo um mero desserviço machista.
No fim da trama, a mulher acaba adoecendo e morre em talvez o final mais injusto da trama. A atriz merecia muito mais do que isso e é uma pena que a mesma tenha se afastado das novelas.
Taís Araújo
Taís Araújo foi outro talento que foi mal aproveitada nessa novela. A atriz que já havia protagonizado outras novelas na TV Manchete como ‘Xica da Silva’ (1996) e na própria Globo como ‘Da Cor do Pecado’ (2004), que também era do mesmo autor, João Emanuel Carneiro.
Em ‘A Favorita’ (2008), interpretou Alícia, uma personagem um tanto confusa e nada interessante, cuja sua única função era atormentar a vida do seu pai Romildo Rosa (Milton Gonçalves).
Alícia foi mais um dos personagens que a própria atriz reconhece que não deu certo e que não gostou. Em entrevista à revista Caras em 2020, Taís Araújo afirma que o personagem “não rolou muito” e que a mesma foi eclipsada pela forte trama central. Foi bem esquecidinha, né? Talvez seria melhor interpretada por alguma atriz iniciante.
Deborah Secco
Por último e não menos importante, falamos do jovem talento de Deborah Secco que desde mais nova já destacava em papéis como a icônica Íris em ‘Laços de Família’ (2000), a divertida Darlene de ‘Celebridade’ (2003) e a protagonista sonhadora de ‘América’ (2005).
Isso nos faz pensar como o seu talento foi desperdiçado em uma personagem pequena e que não exigia muito de sua interpretação. Sua personagem Maria do Céu foi mais um daqueles exemplos de pessoas que querem subir na vida sem se mexer pra isso.
Era uma pobre moça, quase uma perdida no mundo, cuja sua única motivação é a paixão obsessiva por Cassiano (Thiago Rodrigues), mas também se envolve com Halley (Cauã Reymond) e Orlandinho (Iran Malfitano), terminando a história em um dos piores núcleos da novela.