Ainda na comemoração dos 70 anos da televisão brasileira, dessa vez, falaremos sobre vilões
São inúmeras histórias e personagens marcados em nossa memória afetiva, mas alguns marcaram tanto que superaram até o impacto de suas respectivas novelas. Personagens dos mais variados tipos, personalidades e nuances que foram amados ou odiados pelos seus atos e personalidades. Vilãs, mocinhas, casal protagonista, coadjuvantes e personagens do núcleo de humor que são lembrados até hoje.
Agora, o desafio é escolher apenas 5 personagens mais marcantes das novelas, escolha que é muito difícil. Foi levada em conta a sugestão de várias pessoas, onde acabou se tornando uma pesquisa postada em diferentes plataformas, dando voz ao público leitor em escolher seus personagens favoritos. E o curioso é o fato de o público ter eleito apenas vilões. E o ranking ficou assim:
1º lugar – Carminha (Adriana Esteves)
Adriana Esteves como Carminha | Foto: Reprodução.
Podemos considerar Carminha o personagem da carreira de Adriana Esteves. O sucesso da vilã loira na época de exibição de Avenida Brasil foi tamanho e, na sua reprise no Vale a Pena Ver de Novo, também. A mistura de maldade e humor fizeram com que a personagem caísse nas graças do público, que a eternizou no papel com a ajuda da Internet, que na época já estava mais popular.
Uma vida feita de golpes e mentiras. Casada com Genésio (Tony Ramos), se faz de boa moça, mas, por suas costas, adorava aterrorizar a vida de sua enteada Nina (Mel Maia/Débora Falabella), que tenta alertar o pai sobre sua verdadeira faceta. Planeja roubar seu esposo e, por uma coincidência, ele morre atropelado por Tufão (Murilo Benício), um famoso jogador de futebol e acaba dando mais um golpe, o da barriga.
Anos se passam e ela constrói uma família envolvida por mentiras e traições, fazendo um verdadeiro inferno na vida de Nina, que volta a ter proximidade de Carminha, sendo sua cozinheira e com seu plano de vingança, onde a novela se desenvolve.
2ºLugar – Nazaré Tedesco (Renata Sorrah)
Em Senhora do Destino, por questões de logística de elenco, Renata foi convidada para interpretar a personagem que viria a se tornar uma das mais marcantes vilãs da teledramaturgia. Com seu deboche afiadíssimo e sua autoestima, sempre causou por onde passou, seja para o bem ou para o mal, sua maior especialidade. Nas mãos de Aguinaldo Silva e o seu texto afiado, eternizou vários bordões como “gostosa pra caramba” e “eu tô doidona, alucicrazy”.
Dois elementos indispensáveis para ela eram a sua tesoura e a escada de sua casa, onde fazia suas vítimas. O marido, a amiga e a enteada que acabou sobrevivendo. Enganou o seu marido com uma falsa gravidez e, quando não dava mais para esconder, roubou a filha caçula de Maria do Carmo (Susana Vieira) e a criou como se fosse sua, sempre com medo de que descobrissem. Ao final da trama, acaba se suicidando quando se joga de uma ponte sobre um rio com uma morte misteriosa.
Momentos que são lembrados até hoje, se tornaram grandes memes da Internet, mas um é o mais famoso, a cena em que Nazaré aparece “pensativa ou confusa” em close nos seus olhos. O principal fator que deu a chance à trama ser reprisada pela sua segunda vez, em 2017.
3º Lugar – Félix (Mateus Solano)
Irmão da protagonista de Amor à Vida, Félix foi um dos personagens que mais ganhou destaque no desenvolvimento da história exibida em 2013. Seu personagem era um homem gay, que vivia uma vida de aparências e mentiras para tentar agradar ao pai conservador e zelar pelo nome de sua família. Com inveja do tratamento que sua irmã Paloma (Paolla Oliveira) tinha, acabou afastando-a de sua filha recém-nascida, jogando-a em uma caçamba.
No desenrolar da história, o seu caráter corrupto e suas maldades eram constantemente praticadas pelas suas falas, o jeito que tratava as pessoas em sua volta. Falas que marcaram o personagem e se tornaram bordões como “salguei a Santa Ceia” e “só posso ter atirado pedras na cruz”.
Talvez, possa ser considerado um dos personagens LGBTQI+ caricato, mas, com certeza, marcou a época, exclusivamente por ter protagonizado a cena que chocou o público, o primeiro beijo entre dois homens na teledramaturgia brasileira.
4º Lugar – Odete Roitman (Beatriz Segall)
Vilã que marcou época na novela Vale Tudo era uma personagem muito interessante. Uma rica mulher que vivia em Paris por não gostar do Brasil. Autoritária, gostava de ter o comando de tudo em suas mãos, principalmente de sua família e seus filhos. Com seus preconceitos, suas falas são lembradas até hoje e, de certa forma, o texto dos autores ainda pode ser considerado muito atual, tendo em vista que a novela trata sobre a inversão de valores no Brasil do final dos anos 80.
O seu ápice foi a sua morte. Onde foi assassinada misteriosamente e todos os personagens se tornaram suspeitos de terem cometido o crime, que só foi relvado no último capítulo, sendo gravado horas antes de ir ao ar. Com certeza, essa personagem marcou a teledramaturgia brasileira na representação de pessoas reais, sejam elas de bom ou mau caráter.
5º Lugar – Flora (Patrícia Pillar)
A deliciosa personagem que João Emanuel Carneiro escreveu em A Favorita era um psicopata que mantinha um certo amor, inveja, ou talvez os dois, por Donatella (Claudia Raia), sua irmã adotiva e ex-dupla sertaneja, conhecida como Faísca e Espoleta.
A ideia do autor em brincar com o imaginário do público em não revelar quem era a mocinha e quem era a vilã deu certo. Flora começa a trama se passando por uma boa moça, condenada por um crime injustamente e que tenta recomeçar a vida, mas que, ao longo dos capítulos, vai mostrando sua verdadeira face, ou a oculta. Muito disso se deu pelo conjunto da obra, atuação espetacular de Patrícia, texto e direção alinhados para o sucesso.
Com isso, Flora se tornou um dos personagens emblemáticos e uma das melhores vilãs já escritas. As nuances da personagem fizeram com que o público pudesse sentir e ver como é realidade de um psicopata, uma pessoa fria e calculista que vive uma vida de crimes, golpes e falsos sentimentos – motivada por dinheiro e inveja. Sua dupla personalidade foi abordada com muita sensibilidade, principalmente nos primeiros e últimos capítulos.
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