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Foto do escritorGeovanne Solamini

5 novelas icônicas que marcaram a teledramaturgia da TV Globo

A telenovela é o produto televisivo mais popular da TV brasileira. São 70 anos de tramas, cenas e personagens que ficaram marcados no imaginário coletivo do público, fazendo com que a teledramaturgia seja parte essencial da nossa cultura, muitas vezes subestimada justamente por sua grande capacidade de propagação popular.


Desde as primeiras novelas ao vivo até o grande acervo disponível de títulos no streaming, o formato ganha ainda mais alcance com a evolução da tecnologia.


Completando 55 anos de existência em 2020 (ano em que, infelizmente, as produções em teledramaturgia foram pausadas por uma força maior), a TV Globo se consolidou como a principal produtora e exibidora de novelas no Brasil, exportando-as para o mundo inteiro e ganhando prestígio da crítica especializada através de algumas vitórias no Emmy Internacional.


São muitos elementos que podem explicar o sucesso de uma novela: reconhecimento do público com os personagens, tramas de conscientização social, mistérios, comédia, romance… Levando em conta a criatividade, a audiência, a repercussão e o impacto a longo prazo, destacamos cinco novelas icônicas da Globo - que agora você pode assistir no Globoplay.


Vale Tudo (1988)


Gloria Pires, Beatriz Segall e Regina Duarte, as principais personagens de Vale Tudo. | Imagem: Reprodução/Globo

O pano de fundo da trama, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, era a inversão de valores sociais no Brasil do final da década de 80, mas, apesar de alguns elementos bem pontuais da época, o texto e os conflitos da novela continuam, infelizmente, muito atuais – como dizem os anúncios da novela no Globoplay: “2020 nunca foi tão 1988”.


Reunindo o alto escalão da Globo (destaque para Glória Pires, Regina Duarte, Antônio Fagundes e Renata Sorrah) em personagens icônicos, a novela retratava o contraponto de caráter entre as classes socioeconômicos, com realismo e complexidade, num folhetim clássico e muito envolvente.


Mas, sem dúvida, o grande nome da novela foi Beatriz Segall, com sua Odete Roitman, retrato fiel da burguesia carioca, mulher rica, soberba e intolerante a todos que julgava inferiores a ela. O mistério em torno de seu assassinato parou o Brasil, causando uma repercussão até então inédita na teledramaturgia. A dúvida sobre “quem matou Odete Roitman” se estendia aos bastidores: a própria equipe da novela só descobriu a identidade do assassino poucas horas antes do último capítulo ir ao ar.


A Próxima Vítima (1995)


As irmãs Ferreto em A Próxima Vítima (1995) | Foto: Reprodução/Globo.

Assim como em Vale Tudo, Silvio de Abreu lançava mão não só do “quem matou?” (não apenas na reta final, e, sim, na novela inteira), dessa vez acompanhado de mais uma dívida: quem será a próxima vítima? Uma série de assassinatos misteriosos movimentava a história, interligados apenas por uma lista com um horóscopo chinês e um Opala preto prenunciando a execução da vez.


Apostas e bolões foram feitos em todo o Brasil para descobrir quais seriam as próximas vítimas e qual era a identidade do assassino – que foram pessoas diferentes na exibição original e na reprise, em 2000.


Nessa novela, Sílvio foi inovador não apenas na narrativa policial, pouco comum em teledramaturgia, mas também em entrechos aparentemente simples, mas ousados e subversivos para a época, que incluíam uma família de negros de classe média, um jovem casal homossexual retratado com maturidade e respeito e uma mulher que se prostituía por vontade própria, por vocação.


No elenco magistral, destacam-se as imponentes mulheres da família Ferreto: as irmãs Filomena (Aracy Balabanian), Carmela (Yoná Magalhães), Francesca (Tereza Rachel) e Romana (Rosamaria Murtinho), além da pérfida e dissimulada vilã Isabela (Cláudia Ohana), filha de Carmela.


Por Amor (1997)


Regina Duarte e Gabriela Duarte interpretaram mãe e filha em Por Amor. | Foto: Reprodução/Globo

Essa clássica novela de Manoel Carlos, grande cronista dos dramas cotidianos, representava as consequências de atos impulsivos em nome do amor. O principal deles, o amor de Helena (Regina Duarte) por sua filha Eduarda (Gabriela Duarte).


As duas engravidam e dão à luz ao mesmo tempo, mas o bebê de Eduarda nasce morto. Helena não pensa duas vezes e, para evitar o sofrimento da filha, troca as crianças na maternidade, fazendo com que Eduarda acredite que seu irmão seja, na verdade, seu filho.


A atitude de Helena transforma não somente a vida de todos os personagens (incluindo a inesquecível vilã Branca Letícia de Barros Motta, vivida por Susana Vieira, uma mulher rica e controladora), como também gera grandes debates há 23 anos, defendendo ou condenando a troca dos bebês.


Mesmo depois de quatro reprises, Por Amor continua cativando e causando uma recepção calorosa do público, sempre nos fazendo refletir e responder à sua pergunta central: o que você seria capaz de fazer por amor?


O Clone (2001)


Murilo Benício e Giovanna Antonelli como o casal protagonista de O Clone (2001) | Foto: Reprodução/Globo

Sem dúvida, a novela mais ambiciosa e inovadora da TV brasileira. Ambientada no Marrocos e Rio de Janeiro, a trama de Glória Perez usava a história do amor proibido da muçulmana Jade (Giovanna Antonelli) e do brasileiro Lucas (Murilo Benício) como uma alegoria para discutir temas praticamente inéditos, como a ética na clonagem humana, os contrapontos entre o ocidente e o oriente, entre ciência e religião, e as consequências do vício em drogas ilícitas – este, retratado não somente pelos personagens da novela, como também por depoimentos reais.


Aqui, a autora atingia o ápice de seu estilo: a sensibilidade em abordar temas complexos, sérios, de responsabilidade social, didáticos na medida certa, tudo permeado por personagens cativantes e de grande apelo popular. Entre eles: Dona Jura (Solange Couto), Odete, uma subcelebridade do Piscinão de Ramos (Mara Manzan), e Nazira (Eliane Giardini), além dos bordões inesquecíveis de diversos personagens, como o “Inshallah” da pequena Khadija (Carla Diaz). Tudo muito bem amarrado pela direção poética de Jayme Monjardim. “Né brinquedo, não!”


Avenida Brasil (2012)


Adriana Esteves e Débora Falabella nos bastidores de Avenida Brasil. | Foto: Reprodução/Globo

Depois do sucesso de A Favorita (2008), a expectativa para o próximo trabalho de João Emanuel Carneiro era bem grande. O autor apostou numa trama simples, mas irresistível: Carminha (Adriana Esteves, em seu melhor momento na TV) é a madrasta malvada que abandona a afilhada, Rita (Mel Maia, um prodígio) num lixão – a menina reaparece, dez anos depois, com outra identidade, Nina, agora vivida por Débora Falabella, determinada a se vingar da madrasta que destruiu sua vida, hoje casada com um rico e parvo jogador de futebol aposentado, Tufão (Murilo Benício). Começava ali o maior fenômeno televisivo da década.


O texto seguro, afiado, cheio de reviravoltas, os personagens carismáticos e inesquecíveis que habitavam o fictício bairro do Divino (destacaram-se José de Abreu, Vera Holtz, Marcos Caruso, Eliane Giardini, Cacau Protásio, entre muitos outros), a direção precisa de Ricardo Waddington e Amora Mautner, e até mesmo os “memes” das redes sociais, tudo contribuiu para que Avenida Brasil ficasse marcada de forma definitiva no imaginário coletivo.


A repercussão foi tanta que levou a ONS a reforçar seu sistema no dia da exibição do último capítulo da novela, temendo uma pane elétrica em todo o país assim que ele chegasse ao fim.



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